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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Finalidade da Pregação

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Certa vez, quatro garotos, ao brincarem no parque, puseram-se a “disputar” sobre quem teria o pai mais importante. Cada um reclamava para si tal posição dizendo: “O meu pai é mais importante que o pai de vocês!”. Desse modo, o primeiro disse aos demais:
─ O meu pai é mais importante que o pai de vocês três!
Ao que os outros responderam:
─ É verdade? Por quê? O que o seu pai faz para ser tão importante?
─ Meu pai é médico. Por onde ele passa, as pessoas o tratam por “doutor”!

O segundo garoto, não querendo ficar para trás, prontamente começou a falar sobre seu pai, dizendo:
─ Isso não é nada! O meu pai é mais importante que o de vocês!
─ Por quê? (Perguntaram as crianças).
─ Porque meu pai é juiz. Por onde ele passa as pessoas o chamam de “meritíssimo”!
Imediatamente, o outro falou:
─ Pois o meu pai é muito mais importante que o de vocês. Ele é político e todos o chamam de “vossa excelência”!
Finalmente, Joãozinho , para não deixar por menos:
─ Aaahhhh! O MEU pai é muuuuito mais importante que o de vocês todos juntos!
As outras crianças se entreolharam e, duvidando, perguntaram para Joãozinho:
─ É mesmo? E o que o seu pai faz, então?!
Joãozinho responde:
─ O meu pai é gordo!
─ Mas o que isso tem de importante? (perguntaram as crianças admiradas).
─ É que ele é tão gordo, mas tããããõoo gordo, que quando ele passa, todos olham pra ele dizem: “MEU DEUS”!!!

 Embora se trate de uma anedota, este é um jeito interessante e irreverente para se falar sobre algo sério e importante, qual seja, a finalidade das nossas pregações. De modo semelhante (embora menos irreverente), nossas pregações e, sobretudo, nosso testemunho (pregação vivencial e silenciosa) precisa fazer com que as pessoas, ao nos escutarem, façam a mesma exclamação: “Meu Deus!”. Ou seja, as pregações precisam gerar uma atitude nova na assembléia.

 Não sei se já se questionou sobre isso, mas, em cada pregação a que os pregadores somos chamados a ministrar existe uma finalidade . Cada pregação contém em si um caráter teleológico , ou – para dizer de outro modo –, cada pregação vem acompanhada de uma pergunta que lhe é intrínseca: “Para quê?”.

 Esta pergunta fundamental nos convida também a pensar sobre a utilidade da pregação: “Para que serve a pregação?”. “Para que pregar?”. “Por que pregar?”. Talvez algumas mentes um pouco mais pudicas possam se inquietar com tais indagações aparentemente provocativas, mas é preciso compreender que o pregador e as pregações possuem, sim, uma finalidade e uma utilidade . Se assim não fosse “vão seria o nosso anúncio e vã seria a nossa fé” (Cf. I Cor 15, 14). E é com base em São Paulo que podemos fazer tais assertivas, pois é ele mesmo quem afirma que existe uma finalidade para a pregação:

 “Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?” (Rm 10, 14).

 Neste texto, São Paulo faz quase que uma reductio ad infinitum , ou seja, para chegar a um objetivo final, primeiramente demonstra outros argumentos que venham a comprovar o que, de fato, ele deseja afirmar. Desse modo, podemos dizer que só se pode invocar o Senhor, aquele que antes teve fé, mas, para que alguém adquira o dom da fé, se faz necessário ouvir falar do Senhor. Ora, para se ouvir falar do Senhor é necessário que alguém o anuncie. Assim compreendemos que a pregação não tem seu fim em si mesma, mas o objetivo final é fazer com que o ouvinte invoque o Senhor e diga: “Meu senhor e meu Deus” (Cf. Jo 20, 28).
 Invocar o nome do Senhor: eis o principal e fim último de nossas pregações. Quando, na anedota acima, as pessoas exclamavam “Meu Deus!” ao ver o pai daquele garoto, de semelhante forma, precisamos fazer com que, a partir de nossas pregações e, sobretudo, com nosso testemunho (pregação vivencial e silenciosa), as pessoas também possam fazer a mesma exclamação: Meu Deus! Evidente que não pelo mesmo espanto que o da anedota, mas pela piedade e amor a Deus gerado pelo anúncio.

 Se ocorrer, por algum motivo, de nos esquecermos desta finalidade que a pregação traz em si, podemos cair no risco de desviar o fim último da pregação, desvirtuando, também, a atitude da assembléia. Um exemplo desta afirmação seria justamente este: se a finalidade da pregação é levar as pessoas a clamarem o nome de Jesus, a terem uma experiência com o Senhor, a viverem uma vida nova, convertida e um verdadeiro Pentecostes, então, se perdermos de vista esta pergunta fundamental de cada pregação, podemos não ver acontecer a exclamação sobre a qual nos referimos anteriormente.

 O pregador pode falar bem, com desenvoltura, eloquência, vivacidade, utilizando recursos de técnica e oratória, mas nada acontecerá se não compreender que cada pregação sua deve ser uma oportunidade de conversão e salvação para os que o escutarem (inclusive ele próprio).

FRANCISCO ELVIS RODRIGUES OLIVEIRA
Ministério de pregação - RCC/CE
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