Ao lermos os evangelhos, contemplamos Jesus, Filho de Deus, sempre a nos ensinar como devemos agir. No seu nascimento mostrou-nos a humildade; aos 12 anos vemos a sua familiaridade com a Palavra, quando pregava aos Doutores da Lei; até os seus 30 anos viveu oculto fazendo a vontade do Pai. Podemos imagina-lo estudando a Palavra e orando sem cessar, se preparando para se revelar aos homens. Após seu batismo, foi para o deserto para orar e se preparar para exercer seu Ministério, e durante 3 anos de sua vida pública, nos deu exemplos de vida de oração, de pregação ao levar a Boa Nova, de amor e compaixão ao curar os doentes, ao libertar os cativos, ao perdoar os pecados. Ao ficar a sós com os discípulos Jesus os instruía e os enviava em missão. ( Lc 4,31-37; 5,12-15; 56,17-23; 10,1-8).
Jesus é o nosso mestre, é o modelo de vida que devemos seguir. Ele é a razão e o centro do nosso serviço no ministério de cura. À Êle devemos submeter toda a nossa vida, para a glória dÊle devemos servir e com Êle, consumir nossas vidas na construção do Seu Reino.
Como discípulos de Jesus, devemos cultivar em nós algumas atitudes básicas, para o exercício do ministério de cura: 1- Experiência pessoal de Deus; 2- Acolhimento; 3- Abertura aos carismas; 4 - Vivência Carismática; 5- Comunhão com a Palavra de Deus e com a doutrina da Igreja; 6- Postura de fé e de autoridade em Jesus Cristo; 7- Vida de louvor; 8- Fidelidade a Deus e a seu povo; 9- Autêntica e verdadeira devoção a Nossa Senhora; 10- Iniciativa, dedicação, doação e despojamento; 11- Vida comunitária e grupo de oração; 12- Escuta e sigilo; 13- Ser amadurecido na fé .
1- Experiência Pessoal de Deus:
O ministro de cura necessita da experiência pessoal de Deus, que se renova e se sustenta por uma vida de oração constante e diária, pelo estudo orante diário da Palavra de Deus, pela vida sacramental traduzida na participação freqüente, se possível, diária da santa missa e comunhão, e no sacramento da confissão mensal e sempre que sentir necessidade.
2- Acolhimento
O ministro de cura deve acolher o irmão como o próprio Jesus acolheria. Como servo de Jesus, deve ser ministro e discípulo da paz, anunciando, ministrando e transbordando em suas atitudes o Shalom do Pai.
Shalom, para o homem bíblico, significa uma harmonia plena de todo o ser do homem: espiritual, psicológica, física e material. E esse equilíbrio total só pode ser alcançado em Deus . Só nÊle se pode receber o Shalom, se pode obter a paz. A saudação significa todas as bênçãos que alguém pode alcançar. Na verdade, o homem bíblico, ao saudar o outro com este termo, estava desejando para o outro a salvação de Deus. Jesus é o Shalom do Pai, Jesus é a verdadeira paz. É Ele o centro do nosso ministério, é a Ele que devemos levar aqueles que anseiam pela paz. É a Ele, na verdade, que as pessoas estão buscando através de nós, através do nosso ministério. Para sermos ministros e discípulos da paz, precisamos buscar o Príncipe da Paz, alimentarmo-nos dÊle, vivermos nÊle e Êle em nós. Só assim, transbordaremos a Paz que o mundo tanto necessita e seremos instrumentos de reconciliação e pacificação, como São Francisco: " Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz, onde houver ódio..."
É indispensável cultivar em si, uma postura misericordiosa para com o irmão que procura ajuda. Ele vem ferido pelos seus pecados, pelos pecados do mundo, trazendo em si, cegueiras espirituais, ignorância na fé, entendimento, às vêzes, limitado das realidades humanas, revoltas, etc...Nesse contexto, é preciso fazer como Jesus, que primeiramente acolhia e no amor, ia curando as feridas, trazendo para a luz o que estava em trevas, ministrando o perdão e a reconciliação com o Pai, com os irmãos e consigo mesmo, DELICADAMENTE, TERNAMENTE.
3. Abertura aos Carismas
Se somos seguidores de Cristo e se queremos servir nesse ministério, devemos estar abertos à ação do Espírito Santo e deixar que os dons fluam em nós, pois o mesmo Espírito que esteve em Maria é o que esteve em Pentecostes, o mesmo que esteve no Batismo de Jesus, e no exercício de toda a Sua missão.
Quando recebemos a graça do Batismo, recebemos graças inerentes à graça fundamental. É a Trindade que se introduz nas nossas vidas e nos tornamos participantes na vida de Deus. Recebemos também os dons infusos, as virtudes e os carismas. Sobre estes últimos, dedicaremos um capítulo especial nesta apostila.
O ministro de cura deve ser dócil à ação da graça para amar e ser instrumento do poder de Deus para o irmão. Para isso, é necessário que tenha recebido a efusão do Espírito Santo.
4. Vivência Carismática:
É no poder do Espírito Santo que buscamos ser pacificados e podemos ser instrumentos de paz. A Renovação Carismática é desígnio de Deus para os nossos tempos; por isso, precisamos viver radicalmente essa dimensão, servindo à Igreja. Porque precisamos da libertação, da cura, da ciência, da sabedoria e dos milagres de Deus, é que clamamos o poder do Espírito Santo, em meio a um mundo secularizado, marcado pelo materialismo, pelo ateísmo cientificista, pelo hedonismo...mundo onde proliferam inúmeras seitas que desviam o homem do sentido e da experiência da Salvação.
5. Comunhão com a Palavra de Deus e a Doutrina da Igreja
É indispensável ao ministro de cura que direcione o aconselhamento em comunhão plena com a Palavra de Deus e a doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana. As fontes seguras para fundamentar o aconselhamento são os documentos da Igreja e o Novo Catecismo. Sugerimos alguns conteúdos, entre vários outros que são importantes para o exercício do aconselhamento, em um capítulo especial nesta apostila.
É necessário uma postura de responsabilidade e seriedade junto às pessoas que se assiste, no compromisso que temos com Deus e com a Sua Igreja.
6. Postura de Fé e Autoridade em Jesus Cristo:
O ministro de cura deve cultivar a fé e a confiança no amor e no poder de Deus, que sempre derrama suas graças, porque ama e quer salvar e santificar seus filhos. Ter plena convicção de que traz em si o próprio Espírito Santo e Seus carismas, recebidos no Batismo e liberados pela efusão do Espírito Santo.
A autoridade é exercida por uma constante comunhão com o Senhor e em Seu nome: "Ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos" (Fl 2,10).
Essa comunhão com o Senhor é conquistada, como já falamos, por uma vida de oração, pela fuga ao pecado( buscar viver em estado de graça) e o desejo de sempre fazer a vontade de Deus. Sabemos ainda que a penitência e o jejum são auxílios eficazes para o ministro de cura exercer sua missão. O próprio Jesus referiu que alguns demônios só são expulsos pela oração e o jejum (Mc 9,14-29).
A penitência nos ajuda a melhor aproveitar das graças de Deus em nossa vida, pois, por ela, exercitamos o domínio sobre nossos impulsos e paixões. É preciso pedir que o Senhor nos ajude a levar uma vida santa. É Êle que nos dá a graça de querermos e agirmos, segundo o Seu Espírito (Fil 2,13).
7. Vida de Louvor:
A exemplo da Trindade, na qual o pai se doa totalmente e nesta doação gera o Filho, e o Filho que devolve tudo ao Pai em louvor e ação de graças, gerando dessa doação mútua de amor, o Espírito Santo, devemos nos abrir a esse movimento contínuo de louvor e amor que liberta e transforma nossas vidas, fortalecendo-nos no combate contra o mal, pois sabemos que vivemos numa contínua batalha espiritual (Ef 6,10-20). Porém, sabemos também, antecipadamente , que a vitória é de Deus. O louvor nos fortalece no combate e na certeza da vitória. A murmuração, a tristeza, o desânimo arrefecem a nossa fé e nos fazem vacilar e até cair, muitas vezes (Josué 6,l-20; Ex l5; l6 ).
8. Fidelidade a Deus e a seu Povo:
Todo batizado deve caminhar em contínua busca de conversão para que reine em sua vida o homem novo, cheio do Espírito Santo, capaz para toda boa obra, que Deus reservou para nós, seus filhos, criados à Sua imagem e semelhança. Onde existe a luz, as trevas são dissipadas. Que reine a luz de Cristo em nossos corações. Só assim seremos instrumentos dóceis nas mãos de Deus, na construção do Seu reino, a serviço dos irmãos.
É necessário deixar o Espírito Santo formar em nós uma nova mentalidade, a mentalidade cristã. Precisamos aprender a discernir dentre as coisas que o mundo oferece, aquilo que é bom e cristão: no lazer, nas leituras, nos meios de comunicação, etc...se quero ser discípulo de Jesus, devo alimentar minha inteligência, meu coração e minha alma com um " bom alimento" , ou seja, de forma coerente com a minha fé e os valores cristãos, pois "a boca fala daquilo que o coração está cheio" (Lc 6,45).
A fidelidade a Deus vai transparecer na vida do ministro de cura pela santidade que ele busca. Por isso, ele deve ter um empenho dobrado em buscar a santidade (Lc 1,74-75).
A nossa defesa e a nossa guarda é a nossa santidade. E a nossa eficácia é a santidade de Cristo que exala em nós.
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